domingo, 8 de janeiro de 2017

A DOR E A DELÍCIA DE AMADURECER




Tem uma poesia de Cecilia Meireles que diz assim" Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil: - Em que espelho ficou perdida
a minha face?"

Assim começo esse texto, sobre crescer. Passamos a vida inteira invejando os adultos, queremos crescer pra dirigir, pra beber, voltar pra casa tarde. Invejamos a saia curta, a maquiagem da irmã ou primas mais velhas. Quando tinha treze anos, meu maior sonho era fazer quinze anos e lembro que dizia a todos que já tinha os quinze, infelizmente passou-se os quinze e nada aconteceu. Então sonhava com os dezoito, tirar carta de motorista e dirigir loucamente, fiz dezoito e deixei pra tirar a carta um pouco depois. Além disso, nada realmente aconteceu. Sonhamos em entrar na faculdade, arrumar um namorado, ter um emprego bom, muitos amigos. Sonhamos muito quando ainda não somos adultos, e acordar disso tudo é um processo doloroso. Sim claro, como não amar a liberdade de ser maior? a resposta é essa: É ótimo essa liberdade, mas o que dói é que somos tão livres quando adultos que uma vez ou outra nos lembramos do passado com nostalgia. A gente tem dia que quase troca por alguns segundos as nossa preocupações diárias pela única preocupação que era escolher que cor iríamos pintar a casinha que a professora passava nas aulas de artes da escolinha, pois parece que quando crescemos, tudo se torna extremamente chato, burocrático, difícil e nem sempre recompensador.
O pior nem é isso, mulher começa sofrer quando todas amigas resolvem se casar e parece que toda sua vida amorosa está indo ralo abaixo. E tem sempre aquele ser que pergunta: Está solteira ainda? lógico que toda mulher sorri, sempre para reafirmar o porquê da solterice, e por isso coloca a culpa que está estudando demais, trabalhando e precisa ter foco. Mas poucos sabem, que ela chora a noite no travesseiro, come brigadeiro e pipoca assistindo filme romântico e a única coisa que querem, é o colo da mãe que protegia tudo quando era criança.
Mas crescer é lindo, escolher qual cerveja importada vai experimentar é libertador, e pagar por ela é quase um troféu. Mas o preço disso é um pouco alto, beberemos cada vez mais, acordaremos cada vez mais cedo e com ressaca. Com tempo, escolheremos melhores bebidas, melhores comidas. Infelizmente ficaremos chatos com tudo, o porquê é o seguinte: A sua diversão equivale o tanto que tem que pagar de cartão no final do mês. A roupa linda da vitrine que escolheu por que estava de "promoção" vai te fazer chorar litros porque as contas no cartão ficarão intermináveis.
Mas enfim, você vai mudar. Não só o estilo, ou o cabelo. Vai mudar internamente, ficará mais maduro. Olhará o passado com saudosismo de umas coisas e vergonhas de outras. 
No entanto, olhando pra trás, sentiremos muita falta das pessoas que deixamos pra trás, dos amores que não demos algumas chances. Sentiremos muito pelas decisões erradas, e os arrependimentos consumirão nossos dias. Vamos querer voltar e fazer aquilo que tínhamos vontade mas não fizemos por medo de sermos julgados. Arrependeremos de não ter feitos maluquices enquanto adolescentes, ter comido aquela sobremesa deliciosa por medo de engordar, porque quando adulto, ficará bem mais difícil perder quilinhos indesejáveis.
Só que depois de se perder em seus espelhos, ver as primeiras rugas nascerem, filhos de suas amigas crescerem, amigas casarem depois divorciarem, você vai achar libertador crescer, ser dono do seu nariz, das suas escolhas.
Somos tão jovens ainda, teremos ainda tanto que aprender. É preciso errar, quebrar a cara, sofrer por amor, dar errado a faculdade, o trabalho, pra mais na frente dizer: É, eu venci isso tudo, estou viva e melhor pra próxima etapa. Você partirá para um estado mais elevado: Conselheiro, contador de história. Mas pra isso você precisa viver, arriscar. tirar essa bunda dessa cadeira, os olhos desse celular. E viver, porque amor, histórias não tem idade, tem uma parte em nós que nunca deixaremos de sermos crianças e adolescentes, teremos para sempre uma imaturidade que nos darão fôlego a vida, quando tudo parecer maduro demais.
Muak



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